Introdução - Povo Makurap

Data da Publicação: 18/09/2017


INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O POVO MAKURAP

 Roseline Mezacasa

Universidade Federal de Rondônia - UNIR

O povo Makurap, falante da língua Makurap, família linguística Tupari, tronco Tupi, tradicionalmente ocupantes das terras localizadas nas cabeceiras do rio Branco e ambas às margens do rio Colorado (MEIRELES, 1991, p. 242) atualmente, vivem na Terra Indígena Rio Guaporé, na Terra Indígena Rio Branco, como também, em outras terras demarcadas. Algumas famílias Makurap também vivem em cidades de Rondônia.

O contato com não indígenas fez emergir uma desterritorialização significativa na trajetória do grupo. Durante diferentes momentos do século XX, o SPI - junto dos seringalistas - empenhou esforços na transferência do grupo para o então Posto Indígena Ricardo Franco, localizado às margens do rio Guaporé. Os empenhos em territorializar grupos indígenas em locais distantes das terras tradicionais construíram um panorama territorial distinto para o povo Makurap, pois, hoje, integrantes do grupo vivem na Terra Indígena Rio Guaporé, em diferentes aldeias, distantes mais de 300 km da Terra Indígena Rio Branco, território este mais próximo das terras tradicionais. Existe, ainda, uma multiterritorialidade advinda das relações de contato e, assim, é possível encontrar familias Makurap na zona urbana da capital do estado, Porto Velho, como também na zona urbana do município de Alta Floresta D’Oeste e Guajará-Mirim. Somam-se em torno de 580 Makurap em Rondônia, segundo dados da SESAI (2014).

O grupo Makurap, historicamente, se organizou com grupos definidos a partir de territorialidades. Segundo Denise Maldi Meireles:

 

[...] o conjunto apresentado de 21 grupos nominados dividia-se entre dois outros, 10 na margem esquerda [Rio Colorado] e 11 na margem direita [Rio Colorado]. Ao contrário das outras sociedades, entre os Makurap esses grupos regulamentavam o casamento, sendo rigidamente exogâmicos. Formando, portanto, grupos territoriais ocupando áreas definidas; nominados, de origem mitológica; regulamentadores do casamento pela exogamia; regulamentadores da descendência pela patrifiliação e da residência pela patrilocalidade [...] (MEIRELES, 1991, p. 251)

 

É na história da origem que se explica a existência dos diferentes grupos Makurap. Segundo a anciã Juracy Menkaiká, assim aconteceu: “[...] primeiro que saiu foi esse rato, com ratinho na mão, [...] cada índio saía com sua tribo, mutum, [...] saúva, cobra. Dentro de uma cestinha tinha enrolado. Que tribo tu é? Eu sou cobra e mostrava o bichinho. [...] Que tribo tu é? Eu sou mutum, com um mutum novinho no braço. Quem é você? Eu sou tribo do macaco, com macaco prego no braço [...] Vem no braço. Tudo, tudo apareceu, diz que era índio, índio, índio [...].[1] Como a narrativa sugere, os grupos já saíram do local de origem com o animal epônimo, o que os identifica até os dias atuais.

A Terra Indígena Rio Branco, onde hoje vivem muitos Makurap, foi demarcada em 1983, a partir de um conjunto de esforços realizados pelos indígenas para se “libertarem” das amarras da escravidão ocorrida nas colocações de seringa. No início da década de 1980, esforços por parte dos indígenas e dos funcionários da FUNAI efetivaram a delimitação e a demarcação de um território de 236.137 hectares[2], o que resultou na expulsão da região dos seringueiros e do modelo de trabalho pautado na escravidão indígena.

Na Terra Indígena Rio Branco vivem diferentes povos, sendo elas: Makurap, Tupari, Aruá, Aikanã, Arikapú, Djeoromitxí, Kanoê, Sakurabiat e Kampé. Esses distintos povos compartilham território no interior da terra indígena e há relações interétnicas entre eles, como casamentos e troca de conhecimentos.

 

Referências bibliográficas:

MEIRELES, Denise Maldi. O Complexo Cultural do Marico: Sociedades Indígenas dos Rios Branco, Colorado e Mequens, Afluentes do Médio Guaporé. In: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Série Antropologia, Vol. 7 (2). Belém: 1991.

 

[1] Entrevista concedida por MAKURAP. Juraci Menkaiká. T.I Rio Branco – Alta Floresta do Oeste – RO, 2014. Entrevista I. [07. Outubro 2014].

[2] Fonte: ISA (Instituto Sócio Ambiental).

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